Com 64 anos comemorados em fevereiro, o Clube Português de Niterói é um senhor espaço para receber as mais variadas atividades. Dos mergulhos nas piscinas às festas de
casamento, passando pelo bacalhau servido no restaurante, o movimento não para. No esporte, o ritmo também é forte, da esgrima ao MMA, às aulas de natação e à malhação na academia. É um trabalho em equipe, resume o presidente Orlando Cerveira. “Nunca digo que fui eu que fiz. Foi tudo com minha equipe, diretores, sócios e amigos. Juntos fizemos a nova piscina com hidro, a reforma das cinco cozinhas e churrasqueiras, além da manutenção de um salão pronto para receber duas mil pessoas”, diz Orlando, de volta ao posto desde 2021.

Quem chega hoje ao número 176 da Rua Professor Lara Vilela, no Ingá, e encontra tudo funcionando não lembra (ou nem sabe) que o clube ficou fechado por dois anos e meio pela Defesa Civil. O presidente faz questão de contar a história, em uma espécie de “antes e depois” da atuação dele e da diretoria na administração do espaço, de 2003 a 2009. “Quando a quadra esportiva arriou e o clube foi interditado, o cônsul de Portugal me ligou pedindo que eu fosse o novo presidente, porque ninguém queria.

Só existiam 120 sócios. O clube tinha R$ 890 mil em dívidas nos bancos, mais de 400 credores, devia R$ 580 mil ao INSS e R$ 300 mil a particulares. Fora os R$ 760 mil que precisava pagar para a firma fazer a obra de engenharia estrutural na área que cedeu. Trabalhamos duro para recuperar tudo. Saímos com saldo no azul e dinheiro aplicado na conta”, recorda Orlando.

De volta à direção do Português na pandemia, o gestor acostumado a desafios festeja agora os tempos de calmaria. Hoje, o clube tem 650 sócios e obras entregues, como
contabiliza o presidente, também chamado de comendador por conta das ações assistenciais na sociedade. “Digo que o homem que não passa por espinhos não chega a grande coisa. O Brasil é um país rico, acolhedor, com colônia portuguesa irmanada. Niterói tem um povo generoso”, elogia o português Orlando, que chegou ao Brasil de navio, aos 16 anos, vindo da terrinha onde nasceu, na aldeia serrana de Gralheira, em Viseu, no norte do país.

No Rio, ele foi faxineiro, garçom, cozinheiro e vendedor de uma distribuidora de bebidas. Conta que ia do Centro de Niterói a Alcântara a pé, visitando comércios. Na década de 1960 se estabeleceu com a esposa em Niterói e prosperou. Entrou na sociedade da Kátia Decorações, depois assumiu o negócio com a família e, hoje, as lojas são administradas pelos três filhos.

Aos 85 anos, o tempo dele é dedicado ao clube. E o trabalho dá bons frutos, como o recente reconhecimento do tradicional Rancho Folclórico Luís de Camões como patrimônio cultural imaterial da cidade. “Temos 18 grupos folclóricos luso-brasileiros no estado do Rio, mas só o nosso possui esse título”, festeja o comendador Orlando Cerveira.

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